Olá, tudo bem?
Todo campo do conhecimento é apoiado em seus princípios. E com a Biblioteconomia não é diferente. Os princípios nada mais são do que linhas mestras, alicerces, ideias mais gerais que pautam a atuação do bibliotecário. Eles são o verdadeiro norte a ser seguido. Servem de bússola para guiar as decisões.
As cinco leis da Biblioteconomia, embora não sejam leis no sentido formal da palavra, servem para nós bibliotecários como verdadeiros princípios a serem seguidos. O próprio Ranganathan – criador das cinco leis – é quem diz isso no seu livro.
E quais são os enunciados das cinco leis?
1ª LEI: OS LIVROS SÃO PARA USAR;
2ª LEI: A CADA LEITOR SEU LIVRO;
3ª LEI: A CADA LIVRO SEU LEITOR;
4ª LEI: POUPE O TEMPO DO LEITOR;
5ª LEI: A BIBLIOTECA É UM ORGANISMO EM CRESCIMENTO.
Vamos ver cada uma destas leis em detalhes.
1ª Lei: os livros são para usar
A primeira Lei adota o ponto de vista dos livros. Esta lei revolucionou o acesso ao acervo da biblioteca. Se antes o foco era a preservação, com a primeira lei a ênfase passou a ser a divulgação, circulação e uso da informação. A grande força motriz da primeira lei é remover as barreiras e restrições sobre os livros e o conhecimento. A primeira Lei possui forte relação com a usabilidade e acessibilidade.
De acordo com a primeira lei, as bibliotecas devem ser lugares minimamente restritivos e a liberdade deve vigorar. O que vale é a universalidade da informação. Todos devem ser atendidos em suas necessidades informacionais.
Muitos fatores são críticos para o sucesso da primeira lei. Podemos listar alguns deles:
- Localização da biblioteca
- Horário de funcionamento
- Mobiliário
- Pessoal da biblioteca
2ª Lei: A cada leitor seu livro
A segunda Lei da Biblioteconomia continua o avanço proposto pela primeira. O seu foco está no usuário. Conforme esta lei, os livros são para todos, não para poucos eleitos. Partindo de uma análise mais geral, a biblioteca deve ser um equipamento público e democrático, que tenha condições de atender a todos indistintamente. Homens e mulheres, adultos e crianças, ricos e pobres, moradores da cidade e do campo, letrados e iletrados, absolutamente todos devem ser alcançados pelas bibliotecas. Uma biblioteca pública geral deve selecionar seus livros de forma eclética, buscando atender aos mais variados públicos.
Uma outra forma de observarmos esta lei consiste na criação de diferentes tipos de bibliotecas. Como deve ser oferecido a cada leitor o seu livro, segmentar as bibliotecas é uma forma de “cumprir” a segunda Lei. Não se espera que uma biblioteca pública, que é mais generalista, atenda às necessidades informacionais de um pesquisador científico. Daí que surge os diversos tipos de bibliotecas que conhecemos: pública, escolar, universitária, especializada, especial, dentre outras.
Podemos apontar um terceiro aspecto desta Lei: a organização e atendimento das necessidades dos usuários. A biblioteca, além de fornecer a informação, deve fornecê-la corretamente. Para que os livros sejam encontrados pelos leitores, estes devem estar bem organizados e bem sinalizados no acervo e com uma catalogação satisfatória. Estudos de usuários, desenvolvimento de coleções e instrumentos auxiliares são ferramentas úteis para ajudar os leitores a encontrarem os seus livros de interesse.
Para que a Segunda Lei possa efetivamente alcançar o seu potencial, é necessário o compromisso de vários atores, que detêm papel crucial no êxito de aplicação desta Lei. Listamos abaixo os compromissos que os principais envolvidos no processo devem assumir para que a segunda Lei seja cumprida:
- Compromissos do Estado
- Compromissos da autoridade responsável pela biblioteca
- Compromissos do Pessoal da Biblioteca
- Compromissos do Leitor
3ª Lei: A cada livro seu leitor
De forma semelhante à primeira Lei, o ponto de vista desta aqui está nos livros. Para que cada livro encontre o seu leitor, a biblioteca deve lançar mão de alguns recursos, dentre os quais: sistema de acesso livre, arranjo das estantes, catálogo, serviço de referência, abertura de departamentos populares, publicidade e serviço de extensão.
4ª Lei: Poupe o tempo do leitor
O foco principal desta Lei é o leitor. A quarta lei possui grande preocupação no aspecto do tempo. A biblioteca deve ter consciência de que o tempo do usuário é limitado e tem custo. Deve-se observar e tentar melhorar o período de tempo despendido nas etapas do usuário durante o atendimento na biblioteca. A biblioteca deve prestar um serviço eficiente e também deve ter um rápido sistema de empréstimo. Deve contar com estantes arranjadas por assunto e etiquetas que promovam adequada sinalização, tudo isto para que seja facilitado o acesso do leitor ao livro.
Quanto à localização, é boa prática que os livros de assuntos mais solicitados estejam nas estantes mais próximas da entrada da biblioteca. Também é recomendável que livros de referência e de consulta rápida estejam perto do balcão. Outra medida que poupa o tempo do leitor é a afixação do mapa das estantes nas paredes. Quanto ao catálogo, sugere-se a catalogação analítica (de partes do documento), principalmente em periódicos, pois facilita o uso do tempo para usuários que desejam encontrar o conteúdo que esteja somente em uma parte do item.
O serviço de referência, operação importantíssima em uma biblioteca, também contribui para que se poupe o tempo do leitor. Há dois tipos de serviço de referência que a biblioteca pode prestar a fim de que se cumpra a quarta lei:
- Serviço de referência rápida
- Serviço de referência de longo alcance
Além de poupar o tempo do leitor, deve-se também poupar o tempo da equipe. Os processos de trabalho e rotinas do pessoal da biblioteca devem ser rápidos e eficientes. Isso reflete em atendimento mais ágil e eficaz ao usuário.
5ª Lei: A Biblioteca é um organismo em crescimento
A quinta lei trata da biblioteca enquanto instituição. As quatro primeiras leis se referem à gerência e administração das bibliotecas. A quinta enfatiza o planejamento e a organização. A biblioteca deve estar sempre se desenvolvendo, pois organismo que não cresce, atrofia e morre.
O crescimento se dá em vários fatores. A biblioteca deve estar preparada para crescer em quantidade de acervo, estrutura predial e tamanho da equipe. Até o sistema de classificação deve ser passível de crescimento. É recomendável que a biblioteca adote um sistema de classificação que seja expansível e elástico, para poder abarcar novas áreas do conhecimento que venham surgir.
Além do crescimento físico, a biblioteca também deve evoluir conforme o mundo evolui, pois não é uma instituição estática e alheia às mudanças políticas, sociais e econômicas. Podemos perceber o quanto o fluxo informacional e a tecnologia evoluíram nos últimos anos. O modo de consumir e compartilhar informações ocorre em uma velocidade inimaginável há algumas décadas atrás. Por conta disso, a biblioteca deve estar atenta a estas mudanças e oferecer serviços de qualidade que estejam atuais às demandas informacionais dos usuários. Podemos perceber que, mais do que se preparar para crescer, a biblioteca deve sempre estar pronta para evoluir, seja fisicamente, seja como sistema informacional.
Como este conteúdo é cobrado em provas
Questão de prova
2017 – UFG – Bibliotecário Documentalista – Na quinta lei da biblioteconomia, observa-se que:
A) a localização da biblioteca facilita o uso do livro.
B) os livros devem estar nas mãos de todos.
C) a biblioteca é um organismo em crescimento.
D) o arranjo dos livros nas estantes pode ajudar ou atrapalhar o leitor.
Resposta: C